data-filename="retriever" style="width: 100%;">Ultimamente estamos vivendo tempos difíceis de pandemia. É um momento triste e de muitas perdas, principalmente humanas. Muitas pessoas tiveram suas vidas ceifadas e famílias dilaceradas por um vírus maldito. A pandemia afetou o mundo todo, e cada país respondeu de uma forma, mas com um objetivo em comum: combater o vírus, pois ele precisa ser combatido, independentemente de motivações.
Quando a pandemia começou, pensei que deveria servir para algo. As grandes dores e tragédias da humanidade sempre serviram para melhorias. Realmente vivemos o avanço e a rapidez em que foram estudadas e testadas vacinas, e questionados, em alguns casos, medicamentos. A ciência, como sempre, respondeu rapidamente e a indústria farmacêutica mais ainda, até porque vivemos em um mundo capitalista e gerar renda e empregos não é um problema. Alguns países desenvolvidos tiveram perdas enormes, enquanto alguns países com grandes dificuldades econômicas e sociais conseguiram atenuar as perdas. Tivemos a chance de observar comunidades unidas e outras nem tanto.
Porém, de tudo que vi e aconteceu (e ainda está acontecendo) no mundo, o que mais me chama a atenção é o que está acontecendo em nosso país. E essa situação me preocupa muito. Pensem comigo: não conheço ninguém que não quer o fim da pandemia; não conheço ninguém que ficou ou fica feliz com o número de vidas perdidas; não conheço ninguém que quer ver pessoas desempregadas e empresas fechadas; não conheço ninguém que quer o aumento da fome e da miséria (nem o mais voraz capitalista, pois não terá para quem vender); não conheço ninguém que diga que os tempos estão fáceis e que está feliz com tudo isto; não conheço ninguém que diga que não respeita às leis; não conheço ninguém que diga que quer o mal de nosso Brasil; não conheço ninguém (ou se conheço não sei e nunca vi) fazendo discursos inflamados ou publicações em redes socais a favor de sandices que todos abominamos (fome, miséria, doença etc). Então, se temos tantas coisas em comum, se todos reconhecemos a necessidade de algumas coisas serem revistas, por que não progredimos?
Outra pergunta que me faço é: o que está acontecendo conosco? Perdemos a capacidade de dialogar, perdemos a nossa compaixão (empatia com ação) para com os outros seres humanos. Não sentamos mais à mesa para conversar, mas muitos querem vencer e derrotar a outra fala, como se não fôssemos mais capazes de rever conceitos, trocar de opinião, admitir enganos e rever posições, como se não fôssemos mais capazes de quebrar antigos paradigmas e construir novos.
Disso tudo o que mais me assunta é que todo este radicalismo vem de quem deveria ter o discurso mais aberto, a postura mais democrática, a postura mais inclusiva - e quando falo "incluir" significa todos, não só quem pensa como eu. Incluir é dar espaço e vez de fala a todos de forma respeitosa e democrática. A construção de algo novo, melhor do que tudo que já está colocado, requer novas posturas e grandes espaços de escuta e respeito. Não acertamos uma receita de bolo fazendo da mesma forma que as anteriores: se o bolo deu errado, precisamos rever a receita. Enfim, o que está acontecendo conosco?